Aqui estou eu, de joelhos pronta para ti. Entrego-me, toda, de corpo e alma. De razão toldada pelo coração faço dos teus desejos ordens, os teus caprichos serão satisfeitos por esta tua serva sem livre arbítrio, submissa à tua vontade. Podes fazer de mim o que quiseres, que eu farei o que me mandares sem questionar as tuas razões. Um servo nunca questiona o seu mestre, por muito que lhe pareçam estranhos os seus pedidos, alguma razão ele deve ter. Podes prender-me, amarrar-me e marcar-me se eu merecer. Eu própria farei derramar o meu sangue se assim o entenderes. Podes fazer as maiores barbaridades que eu vou obedecer, compreender e continuar a servir-te com toda a vontade do meu ser. Não me vou dar a mais ninguém que não a ti. Vou renunciar a todos os prazeres que não tenham origem no teu, tudo o que me dá prazer agora és só e apenas tu. Vou recalcar e fazer do teu corpo e do teu sangue serão os meus únicos vícios. Vou suprimir as minhas vontades e trocá-las pelas tuas, pelos teus desejos e pelas tuas necessidades. Podes usar-me sem nunca me dar nada em troca, podes prometer e nunca cumprir, humilhar-me, fazer-me rastejar, andar de joelhos o dia todo que serás sempre aquele que está bem alto no altar, perfeito e impossível de alcançar.
Visto-me com as vestes que me mandas, de preto que sei que gostas, da forma que me queres eu serei. Só vou dormir depois de te pedir autorização e agradecer por mais um dia a servir-te e acordarei sempre com o sentimento de ser menor que tu, menos perfeita que tu, de não te merecer. Não me vou sentir nunca digna de ser a tua serva. És a razão do meu viver, por tudo o que de bom me acontece na vida eu vou-te agradecer. O que vier de mau, não te vou culpar, mas mesmo culpando sei que algum objectivo deves ter. Vais-me pedir coisas que não quero fazer, eu sei, mas por seres tu a pedir eu vou querer. Sou tua. Toda tua. Vestida e nua, sou tua. Nunca me vou cansar de chamar o teu nome, de o repetir vezes sem conta, seja a pedir perdão ou a pedir autorização, mas nunca em vão. Sei que apesar de distante, de altivo e superior, de cada vez me que me ouvires dizer "Pai nosso que estás no céu...", me vais responder. Se quiseres e eu merecer.
Vocês estavam a pensar que isto era uma qualquer cena de sado-masoquismo e no fundo é, mas não de teor sexual. É um resumo do que passa pela cabeça de uma freira quando se entrega a Deus. Ou de um Padre. Ou de qualquer outra pessoa que se entrega a uma relação de subserviência, sem questionar as ordens do seu Senhor, numa fé cega, que só a obsessão confundida com amor, consegue fazer deixar de ver.
Depois disto, faz sentido ver o ponto de vista de Deus, numa carta que ele me enviou no outro dia, através da Alexandra Solnado.
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