30 de dezembro de 2015

10 tipos de passagem de ano



Está quase. Aproxima-se mais uma passagem de ano, noite responsável por mais mortes na estrada do que o casting dos Morangos com Açucar. Toma e vai buscar! Entrada a pé juntos com uma #bojardadodia. Vá, sejam responsáveis, se conduzirem não bebam. Mas bem, não é disso que vos venho falar, venho falar-vos dos diferentes tipos de passagem de ano. Vamos a isto.

Romântica
«Amorzinho, podíamos passar o ano só os dois e festejar o novo ano bem juntinhos...». Há quem prefira passar o ano apenas na companhia da sua cara metade. Há dois tipos de casais que decidem passar o ano sozinhos. O primeiro tipo são os que começaram a namorar há menos de um mês e que acham que isto é um passo importante na relação. Não moram sozinhos, nem têm carro, e esta é a oportunidade ideal para dizer aos pais que vão passar o ano com amigos, quando, no fundo, estarão a dar as doze badaladas numa caminha de hotel. O outro tipo de casal que passa sozinho é aquele que todos os seus amigos já têm filhos e ninguém alinhou numa festa como deve ser. «Aparece lá em casa um bocado enquanto eu mudo fraldas e tento adormecer a criança» não é um convite válido. Pode, também, dar-se o caso do casal que passa o ano sozinho ser o que conseguiu deixar os filhos pequenos com os avós e decide ficar em casa a descansar. Adormecem sempre antes da meia-noite.

Swing
«Pessoal, o que era giro era fazermos uma passagem de ano só de casais!» diz o xoninhas do grupo. À primeira vista, poderia ser uma festa de swing que iria descambar numa orgia valente com espumante e outros fluídos pelo ar. Mas não. É uma festa que acaba, invariavelmente, com discussão de um dos casais porque o gajo desenhou mal um coelho no jogo do Pictionary. Ele diz «Mas como é que isto não é um coelho? Um focinho com duas orelhas grandes e tu não adivinhas isto? Um esquentador? Por amor de Deus, Carla.» e ela responde a gritar «Um coelho? Mais valia teres feito o símbolo da Playboy, seu porco! Por falar em porco, isso mais depressa seria um porco do que um coelho! Ou então um bulldog francês! Aquele que eu queria ter recebido no Natal e vez do rafeiro que tu me deste!». Nisto, escala uma discussão com factos e acontecimentos que remontam ao Verão de 1987 e fica aquele clima estranho. Vão todos para a cama bem cedo.

Precoce
«Pessoal, hoje é calminho que é para amanhã ninguém estar de ressaca e ser a bombar.» é a frase que se ouve em qualquer passagem de ano deste género. O Réveillon precoce é aquele que acontece no dia anterior. Um grupo de amigos aluga uma casa logo no dia 30 e o resultado é sempre o mesmo: desgraça completa na primeira noite. No dia seguinte acorda tudo depois das três da tarde, com náuseas e dor de cabeça. Há sempre um gajo que ficou sóbrio na noite anterior e que fica lixado com o pessoal «Foda-se! Eu avisei para ser calminho! Hoje já estou a ver que ninguém vai beber!». Acaba ele por beber sozinho enquanto os outros vão bebendo águas das pedras até ser meia-noite, altura em que comem as passas e vão vestir os pijamas.

Automobilística
«Pessoal! Tive uma ideia! Falta meia hora para a meia-noite e podíamos ir ver o fogo de artifício!». Como o pessoal já está tocado pelo álcool, lá os consegue convencer e metem-se nos carros em direcção a algum sítio onde se veja fogo de artifício. Resultado? Apanham trânsito e passam a meia noite dentro dos carros a ver os clarões ao longe mas é dos sinais de luzes que os carros vão fazendo enquanto buzinam uns aos outros e entram no ano novo a refilar uns com os outros.

Mólhada
«Pessoal!!! Baza ao Terreiro do Paço?!» é com esta frase que começa uma noite da qual todos vão arrepender-se mais tarde. É o caos para estacionar, é o caos para avançar dez metros, a pedir licença de dois em dois segundos, a dar encontrões em velhas e pedir desculpa. Para beber são horas de fila e tudo isto por segundos de gratificação ao ver o fogo de artifício. Quando a multidão mais velha dispersa, ainda piora. Parece um cenário pós-apocalíptico, com mais lixo no chão do que uma casa de coleccionadores com Parkinson e problemas de coluna. De repente, Lisboa é invadida por todos os mitras dos bairros periféricos e eu sei isto porque já muitos vizinhos meus da Buraca me disseram que lá vão sempre passar o ano. Há porrada de bêbados, garrafas a voar e gajos a mandar piropos às namoradas dos outros. Sorte a nossa que agora já é crime.

Largada dos solteiros
«Vamos lá poderosas! Hoje é que vai ser! Deixar as piriguetes roídas de inveja! Hashtag beijinho no ombro! Uhhhhhh!» diz o grupo de solteiras enquanto se preparam para a batalha e fazem pinturas de guerra, vulgo maquilhagem. Nas passagens de ano, as discotecas enchem-se de grupos de encalhados e encalhadas em busca do primeiro funaná pelado do ano. Para muitos, será o primeiro do ano que acaba. Se na noite e com o álcool as decisões nem sempre são as mais ajuizadas e torneadas de bom senso, na noite da passagem de ano ainda piora. Há muitos aniversários em Setembro... agora pensem nisso.

Temática
«Podíamos fazer uma festa temática!!!» diz uma gaja solteira que quer aproveitar a oportunidade da passagem de ano para se vestir à porca. Às vezes é um gajo a sugerir festa temática porque já sabe que vai haver muitas gajas vestidas de forma de quem quer ir passar o ano de castigo. É tema de piratas, James Bond, anos 80, 60 e glamour dos anos 20. É festa indiana e grega. Dou-vos uma boa sugestão para festa temática este ano: tema jihadista! Raparigas de burka e gajos vestidos à terrorista! Vão todos para o quintal lançar fogo de artifício e deixem a magia acontecer.

Solitária
«É na boa, a sério. Até me apetece passar o ano sozinho para pensar na vida e tal», é o que diz aquele gajo que deixa para o fim a marcação de planos. Recusa alguns convites, ou porque são caros, ou porque são longe, ou porque tem coisas para fazer no dia seguinte. Acaba por se ver na situação de estar sozinho em casa, coisa que já me aconteceu há uns 10 anos. Passei o ano em casa a ver filmes, apenas na companhia do meu cão. Até abri uma garrafa de espumante para festejar a meia noite e tudo. Foi impecável. Barata, sem chatice e sem ressaca. Foi entrar no novo ano com uma perspectiva diferente. Estou a mentir, passei a meia-noite no banho a chorar em posição fetal por ninguém gostar de mim.

Casa alugada
«Estou sim, era para saber o preço para alugar a casa para a passagem de ano. Sim, somos oito, quatro casais. Sim, não se preocupe, somos todos calmos e vamos ficar a jogar às cartas e assim...» e, com isto, enganam a velha que decidiu alugar a casa de fim-de-semana sem saber que vai ser ocupada por 47 gandins, movidos a álcool. O dinheiro da caução nunca vai chegar para os estragos, nem a entrada que ela deu para a casa chegaria para pagar a quantidade de loiça partida, sofás rasgados e carpetes com vómito ressequido e topping de passas regurgitadas. 

Vinte pessoas num T2
«Os meus pais têm uma casa na Pampilhosa da Serra e não vai estar lá ninguém...» diz um pobre coitado ao ver que não se vai conseguir alugar casa, seja porque se adiou ao máximo ou porque ninguém concordava com o local, ou preço. Quando o grupo percebe que afinal não vai conseguir alugar casa, há sempre um gajo, normalmente novo no grupo, que se oferece como mártir. «Não te preocupes que arrumamos tudo!», dizem os amigos enquanto agradecem a coragem. O resto da história não preciso de vos contar.


Haverá muitos outros tipos, mas deixo esse trabalho para quem quiser comentar. Do fundo do meu coração de pedra, desejo-vos umas soberbas entradas em 2016. Que os vossos desejos se concretizem menos aquele de ganhar o Euromilhões. Vão mas é trabalhar. Vá, muita saúde, especialmente aos fins-de-semana e feriados. 
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29 de dezembro de 2015

Je Suis Piropo - Nova lei e novos piropos



Então diz que "amandar" piropos agora é crime? Era muito mais fácil eu fazer um texto a criticar todas as feminazi, grupo de mulheres (e homens) que já sabem que desprezo com todo o carinho do mundo. No entanto, não gosto de coisas fáceis e, por isso, vou dizer que até concordo com esta lei. Porquê? Porque quem diz que o piropo passou a ser crime é quem apenas lê os títulos das notícias dos jornais online. O piropo não foi criminalizado, mas sim o assédio sexual bardajão. Há piropos e piropos. «Bom dia menina», não é piropo. É boa educação. Todos vimos aqueles vídeos onde mulheres se passeavam na rua e eram cumprimentadas dezenas de vezes, na maioria delas de forma cordial e educada. Aquilo não era assédio sexual, eram gajos a ser simpáticos. Com segundas intenções? Certamente que sim, somos homens e somos todos uns porcos, já se sabe. Uma vez, uma amiga minha ouviu o seguinte piropo de um senhor das obras «Ó filha, enchia-te essa coninha de leite.». Poderia ser um comentário preocupado com o flagelo da osteoporose ou até uma oferta altruísta para procriar, mas não. Foi só um comentário, no mínimo, indelicado. Digo no mínimo porque ele utilizou o diminutivo. «Ahhh mas a liberdade de expressão!!!», dirão alguns.

Não foi para dizer a uma rapariga, sozinha na rua, que se lhe enchia a coninha de leite que o 25 de Abril foi feito.

O meu pai nunca me contou que se cantava nas ruas o Grândola Vila Morena intercalado com gritos de «Abaixo a censura! Por um Portugal livre de dizer às mulheres que lhes queremos encher a coninha de leite!». Façamos um exercício: imaginem-se a sair do metro às 23h00, numa noite escura e de fraca iluminação na rua. Chuvisca e vão pelos umbrais a tentarem desviar-se da gotas grandes que caem das goteiras. Não se vê ninguém na rua a não ser um grupo de três ou quatro homens mais à frente. Passam por eles, com passo apressado, e ouvem «Psss, ó boa! Fodia-te toda!» e «Se eu te apanhasse era até achar petróleo.». Agora, se não forem, imaginem que são mulheres. Chato, não é? Acredito que seja para estes casos que a lei foi criada, para casos em que o piropo se transforma em assédio puro que intimida e leva a outra pessoa a pensar que se calhar vai ser ali violada e que, no fim, mesmo que achem petróleo, não ficam com royalties. É difícil para nós, homens, percebermos isto porque se pensarmos na situação oposta, em que vamos sozinhos e três raparigas nos dizem isso, mesmo que não fossem giras, o nosso ego enchia-se e se calhar não chegávamos, mais uma vez, sozinhos a casa.

Pronto, isto é a razão pela qual eu vejo a lei com bons olhos. Olhos que não despem nem comem, atenção. Agora, claro que há, também, uma certa parvoíce na lei. É parvo chamarem-lhe «propostas sexuais não solicitadas». Numa primeira abordagem qualquer proposta de sexo é não solicitada! Alguém tem de tomar o primeiro passo! Apenas depois disso é que há, ou não, adesão da outra parte. Outra questão: como é nas discotecas? Toda a gente sabe que um «Olá, como te chamas?» dito numa discoteca não é mais do que dizer por outras palavras «Adorava escalavrava-te a boca do corpo hoje à noite e, já agora, chamo-me António.» A intenção não está na semântica e no vocabulário utilizado e é preciso ter cuidado com isso para não haver gente acusada de "serial piropal" injustamente. Muitas vezes, um «Olá» tem mais intenções sexuais do que um «Ajoelha-te aqui e sorri como um donut.». Isto para não falar de que a diferença entre assédio e charme, muitas vezes é apenas o facto de o homem em questão ser giro ou não. Aposto que daqui a um ano, quando fizerem o estudo de todos os acusados do crime do piropo, vão perceber que só os feios tiveram esse privilégio.

Já me aconteceu no Bairro Alto, uma rapariga dirigir-se a mim e perguntar-me:

- És canalizador?
- ... - respondo, meio aparvalhado com tal abordagem.
- É que estou toda molhada, se calhar tenho um cano roto e podias tapar-me a fuga.
- Classe - respondi, enquanto me ri e fui à minha vida.

Não fiquei ofendido até porque a rapariga não era feia, mas para a próxima apresento queixa! Não sou um bocado de carne, ouviram? Suas sujas! Mentira, nunca apresentaria queixa porque é claro que há hipocrisia nesta lei e, obviamente, que é para proteger as mulheres e não os homens. Desafio algum homem a ir a uma esquadra apresentar queixa numa situação destas. Vai acontecer algo deste género:

- Senhor agente, acabaram de me assediar!
- Acalme-se, homem. Conte-me lá o que aconteceu? - diz o agente.
- Então, não é que eu ia a passar por um salão de design de nails e uma senhora disse-me em alto e bom som «Ó jovem, só não tenho pele das tuas costas debaixo das minhas unhas de gel com piercings porque tu não deixas!»
- E então? - diz o agente, confuso.
- Então que foi uma proposta de sexo não solicitada.
- Ó Antunes, temos aqui um paneleiro! - finaliza o agente a rir-se desbragadamente.

Dois pontos a reter: primeiro, isto não vai acontecer, já que as mulheres não são tão javardas e indelicadas quanto os homens; segundo, quantas vezes é que os homens já se sentiram intimidados e ameaçados por mulheres na rua? Pois... essas vezes todas. Quase nenhumas. É por isso que esta lei acaba por não ser hipócrita. É justa e adequada ao rácio de genéro sexual e comentários inapropriados. Pelos atrasados mentais pagamos todos nós, homens decentes que agora vamos ter medo de mandar o nosso piropo.

Esqueçam, os homens decentes não mandam piropos à parva na rua a desconhecidas porque isso é só idiota. Só quando estamos bêbados, vá.

Obviamente que nunca ninguém irá ser preso por dar um piropo ou mesmo fazer um comentário ordinário a uma mulher. Primeiro, porque vai ser muito difícil provar o que realmente foi dito, e, depois, porque era só parvo alguém ir realmente preso por isso num país onde os corruptos e gestores aldrabões de bancos não o são. Como eu sou contra leis que ninguém cumpre, acho que se deviam encontrar alternativas mais viáveis como punição. Por exemplo: uma rapariga vai a passar por uma obra e ouve um comentário alusivo ao chavascal entre as suas pernas. Chama a polícia que averiguará a ocorrência e, de seguida, vai a julgamento. Sendo culpado, o que acontece é o seguinte: é dada a oportunidade ao pai da rapariga, ou marido, ou namorado, ou irmão mais velho, de ter uma hora a sós na cela do preso, onde as leis não se aplicam. Era um método muito mais justo. Agora, e porque também vai acontecer, sempre que se provar que uma mulher acusa, sem fundamento, um homem de a assediar sexualmente através de um piropo javardo, proponho o seguinte como pena para essa mulher: ter de estar numa cela durante uma hora com o Zezé Camarinha a segredar-lhe dicas de engate em inglês arcaico, bem encostado à sua orelha. Claro que nem é preciso dizer que comentários sexuais a quem tem claramente menos de 12 anos devia dar prisão perpétua com banhos semanais na companhia do Wilson.

De qualquer das formas e para não se perder a tradição do piropo, deixo aqui um guia para os trolhas que possam estar a ler isto, para que se acautelem nos tempos vindouros. A diferença entre ser preso e continuar livre pode estar apenas e só na eloquência do que se diz. Por isso, aqui fica o novo acordo de piropos com o antes e o depois.

«Ó flor, dá para pôr»
Peço perdão mas a senhora é dotada de tamanha beleza que se assemelha à estrutura reprodutora das plantas Angiospérmicas, de tal forma que me é impossível deixá-la passar por mim sem que lhe pergunte se me é possível introduzir... conversa. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

És como um helicóptero: gira e boa...
A senhora tem feições tão delicadas que desperta o Quim Barreiros que há em mim, o que me leva a fazer um trocadilho entre o adjectivo "gira" com as hélices do veículo de motor giroscopico, vulgo helicóptero. Sendo que não sou do norte, como piada, apenas, irei também fazer o trocadilho com "boa", de voar, pelo facto da senhora também ser dona de um belo corpo que aposto que está, também ele, preenchido por uma personalidade sublime e que adoraria conhecer. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Ó febra, junta-te aqui à brasa.
Não querendo de qualquer forma ferir as suas susceptibilidades no caso de ser vegetariana, mas a senhora possui massa corporal de fazer lembrar o corte em fatias da perna de gado porcino. Como tal, gostaria de a convidar a aconchegar-se junto da zona do meu corpo cuja temperatura está mais alta devido ao sangue que lhe aflui de momento. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Ó estrela, queres cometa?
Caríssima donzela, não pude deixar de reparar que emana um brilho resplandecente capaz de ofuscar quem a olhar sem óculos de protecção. Gostaria, portanto, de a indagar se pretende interagir com um corpo do sistema solar cujo nome original grego quer dizer «cabeleira da cabeça». Pode parecer uma metáfora para sexo anal, mas garanto-lhe que é uma oferta desprovida de segundas intenções. Obrigado e um bem haja.

Ó jóia, anda aqui ao ourives.
Peço desculpa por incomodar, mas a senhora assemelha-se a uma mistura de metal com pedra preciosa. Gostaria, portanto, de saber se poderia locomover-se até a um raio de um metro de mim para que eu lhe mostre as minhas capacidades de manuseamento de materiais preciosos. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Ó filha, com um cuzinho desses deves cagar bombons...
Peço desculpa, mas a senhora possui uns glúteos de tal forma bem torneados que me apraz dizer-lhe que nem acredito que pelo seu excelso esfíncter sejam expelidas fezes. Acredito que pelo seu orifício traseiro saia uma espécie de mousse de chocolate ou Ferrero Rocher, em dias que comeu muito pão. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Ó filha, fazia-te um pijaminha de cuspo.
Estando eu preocupado com o seu bem-estar e com o frio que se avizinha. Se me permitisse, prometo que lhe faria umas vestes de dormir feitas inteiramente em saliva, lambendo-a como fazem os gatos às suas crias. Seria um dois em um, sendo que o ritual de tomar banho e vestir o pijama seria feito de uma assentada. Uma proposta que aumenta a produtividade e a maximização do tempo. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

O teu cu parece uma serra eléctrica: não há pau que lhe resista!
Permita-me proactividade de afirmar que os seus glúteos parecem ter mais potência do que uma serra motorizada a gasolina. Utilizo esta metáfora, aproveitando também para comparar o meu pénis a um tronco de madeira, para dizer é impossível resistir a tal atracção fatal. Com esta metáfora realço também o facto de elogiar a dureza da sua musculatura traseira, dado que seria capaz de me partir o pénis carvalhesco. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Posso pagar-te uma bebida ou preferes em dinheiro?
Não querendo ser indelicado, gostaria de a a convidar para tomar um refresco, quiçá um sumo detox. Não podendo, a senhora, aceitar o meu convite, ofereço-me para lhe dar cinco euros para que possa tomar uma bebida por minha conta e aproveitar este belo dia na excelente companhia de si própria. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Com umas bóias dessas o Titanic não tinha ido ao fundo.
Como forma de elogio às suas fantásticas glândulas mamárias, gostaria de as congratular, em tamanho e feitio, dizendo que acaso estivesse no penoso naufrágio do Titanic, na manhã de 15 de Abril de 1912, creio que este não se teria afundado. A ter acontecido tal tragédia, aposto que tanto o Di Caprio como a Kate se conseguiriam sustentar à superfície da água devido ao princípio de Arquimedes, vulgo impulsão, garantido por seus magníficos bagos mamíferos. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Desafio-vos a fazer este exercício para os seguintes piropos:
  • A tua mãe só pode ser uma ostra para cuspir uma pérola como tu...
  • Ó 'morcona', comia-te o sufixo...
  • Quem me dera que fosses um frango para te meter um pau no cu e fazer-te suar...
  • Belas pernas... A que horas abrem?
  • Posso tocar no teu umbigo . . . da parte de dentro?
Em suma, a lei não está mal, o que poderá vir a estar mal é a interpretação que se fará dela. Como em tudo, menos nos meus textos, é preciso é bom senso. Continuo a achar que há desbloqueadores de conversa que embora javardos, têm piada e que podem funcionar para quebrar o gelo e, quem sabe, mais tarde, a bancada da cozinha. Deixo-vos com o meu preferido: «Queres ir lá a casa foder e comer pizza? Que cara é essa? Não gostas de pizza?». Podem usar, mas com cuidado. Se forem feios não arrisquem.
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24 de dezembro de 2015

A minha consoada de Natal



Estou a caminho da Guarda, terra da minha mãe, e prevejo que a minha Consoada vá ser algo deste género:

18:30 - Chegar a casa dos avós, encontrar lá pessoas que não vejo desde o Natal passado e a quem, mesmo tendo eu já 31 anos, vou ouvir dizer: «Tu não páras de crescer?»
18:45 - Depois de cumprimentar todas as pessoas, vai haver outra tia que vai dizer: «Ai, essa barba, meu filho. Pareces um sem-abrigo.» Eu contenho-me e não falo do buço dela.
19:00 - As crianças vão estar de volta da árvore a tentar descobrir o que está embrulhado para elas. Já sei que para mim são meias, pijamas ou, na loucura, um envelope com dez euros.
19:30 - O meu avô queixa-se de que a comida não está na mesa. Grita para a minha avó: «Maria, o bacalhau já devia estar pronto!» Os mais novos riem-se maliciosamente.
20:00 - Começa-se a jantar. Os mais pequenos choram, porque não gostam de bacalhau; outros, não gostam da sopa; e o tio Alfredo vai esvaziando a garrafa do vinho sem ninguém dar por isso.
20:30 - O meu avô acaba a sopa, que demorou trinta minutos a comer, porque comer sopa e ter Parkinson é uma espécie de prova dos Jogos sem Fronteiras.
21:00 - A minha avó olha fixamente para alguns dos netos, a tentar perceber quem são. A Alzheimer é tramada e o facto de serem quase vinte netos também não ajuda. 
21:15 - A minha avó pergunta ao meu avô se está com frio, pela trigésima vez, não se lembrando de que ele está a tremer, mas é da Parkinson.
21:17 - A minha avó pergunta, novamente, se o meu avô tem frio.
21:30 - O tio Alfredo abre outra garrafa e enche o copo todo, com medo de que não haja mais. Dizem-lhe que há outras garrafas na despensa. Fica mais feliz do que uma criança a abrir um presente.
21:35 - O meu avô refila que o bacalhau está salgado. O tio Alfredo passa-lhe o sal na brincadeira. O meu avô não repara, mete sal e deixa de se queixar. Era fita.
21:45 - O novo namorado de uma prima tenta ser engraçadinho e conta histórias que só lhe interessam a ele. Reviro os olhos e junto-me ao tio Alfredo na bebida.
22:00 - Está na hora da sobremesa. Há uma luta entre todas as tias, a ver se a sobremesa que elas fizeram é a preferida de todos. Criticam as sobremesas umas das outras ao estilo Hell’s Kitchen.
22:30 - Os putos levantam-se todos da mesa e as tias ficam a arrumar tudo, enquanto os homens ficam a beber whisky e a falar de política e de futebol. Há sempre um tio que nem sabe o que é um fora-de-jogo, mas que tenta mandar bitaites, do género: «Pois, eles assim não vão lá. Têm de mudar a táctica.» Os outros olham para ele de lado e ignoram, menos o tio Alfredo, que lhe chama maricas.
00:00 - Visto-me de Pai Natal e vou estragar os sonhos das crianças. Sou uma espécie de ditador do Pólo Norte e quase obrigo as crianças a sentar-se e a dar a pata. Há sempre alguma que fica a chorar.
00:15 - Um dos putos chora porque, afinal, era outro Action Man que ele tinha pedido. Digo que a culpa não é do Pai Natal e que vá pedir explicações à mãe. A mãe diz que há crianças que nem um brinquedo recebem.
00:30 - O tio Alfredo já bebe whisky da garrafa e repete a mesma piada todos os anos: fingir que está a dar uma prenda nova à minha avó, que ela acabou de receber. A minha avó, efectivamente, pensa que é uma prenda nova.
00:35 - A minha avó é como os gatos e fica mais fascinada com os embrulhos e com as caixas do que com as prendas em si, que, invariavelmente, são mantas, casacos e montagens de fotos da família que seriam iguais se fossem de outra família qualquer.
00:45 - Uma das crianças diz que quer brincar ao Jogo da Operação com o avô. O meu avô perde em menos de dois segundos. A criançada ri-se e diz que o avô não pode abrir bebidas com gás porque salta tudo.
01:00 - Vão deitar os meus avós. A minha avó, sempre sorridente, diz que foi um jantar de Páscoa muito bonito e diz ao meu avô: «Dorme bem, António.» O meu avô chama-se Joaquim.
01:30 - O tio Alfredo já dorme e ressona no sofá.
02:00 - Começa o corte e costura: diz-se mal daquela tia que está chateada com os irmãos e não veio para o Natal.
02:02 - É a minha deixa para ir para os copos com os poucos primos que não têm de ficar em casa a cuidar dos filhos. Vou cheio de frio, mas com o coração quente por causa de mais uma feliz Consoada.

Este texto comprou-me algumas guerras familiares, por isso, era giro partilharem com força só para chatear as pessoas que se ofendem por tudo e por nada. Obrigado.

Feliz Natal a todos.
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22 de dezembro de 2015

Prémios «Por Falar Noutra Coisa» - Vota nos nomeados



Sejam muito bem-vindos à primeira edição dos prémios «Por Falar Noutra Coisa», os prémios onde os vencedores, se tudo correr bem, não ficarão contentes. Para atribuirmos os galardões aos eleitos é preciso a ajuda de todos. Como? Fácil. Votando nos nomeados que tomei a liberdade de seleccionar com a imparcialidade e profissionalismo que me é apanágio.

Quem votar fica inscrito no sorteio de um exemplar do melhor livro de 2015 em geral e de sempre em particular.

Podem começar e muito obrigado pela vossa participação. Se não conseguirem ver o formulário em baixo, então cliquem aqui.





Estes prémios não são para se levar a sério, por isso, não se armem em xoninhas. Partilhem e um Feliz Natal.
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21 de dezembro de 2015

2015: os acontecimentos mais marcantes



Está a chegar ao fim mais um ano deste nosso belo calendário gregoriano. Curioso que se chame gregoriano e que haja muito boa gente que chame o senhor gregório enquanto ouve as doze badaladas. Façamos, então, a retrospectiva do que mais importante se passou em 2015.

O ano começou com um acontecimento que mudou o mundo, ou talvez não. O dia em que vimos mais um ataque em nome de Deus, ou Alá, que feriu a liberdade de expressão. Um acto de terrorismo que atacava o cerne da democracia e que fez com que todos fossem Charlie, por breves instantes. Mudaram-se imagens de perfil, fizeram-se cartoons, textos e o Gustavo Santos disse que foram eles que se meteram a jeito, esquecendo-se que os caricaturas do Charlie Hebdo foram feitas porque o extremismo religioso existe e não o contrário. Janeiro foi, também, o mês em que Cristiano Ronaldo ganhou mais uma bola de ouro. As lágrimas do ano passado deram lugar a um «SIIIIIIIIIIIII» eufórico, mas muitos media, em vez de se celebrarem mais um português a dar cartas no mundo, preferiram falar do facto da Irina não estar presente. Ainda em Janeiro, o Syriza ganhou as eleições na Grécia, dando alguma esperança à Europa de que a austeridade poderia ter os dias contados com este novo paladino do povo.

Em Fevereiro a ameaça terrorista aumentou, que é como quem diz que não se falava de outra coisa fazendo exactamente o que os terroristas querem: falar deles para espalhar o pânico e fazer com que as pessoas vivam as suas vidas com medo. O Daesh publicou vídeos com mortes e destruição de obras de arte, e, um pouco por toda a África e Médio Oriente, foram assassinadas pessoas em nome de um Deus que há muito os esqueceu, ou de quem nunca se lembrou. Apesar de todas estas mortes, Fevereiro teria ainda uma reservada para o fim, Leonard Nimoy, o eterno Spock, morreria aos 83 anos.

Em Março, um milagre da tecnologia e evolução humana quando uma sonda da NASA chegou pela primeira vez a um planeta anão. Ironicamente, por cá, caía o avião da Germanwings matando todos os 150 passageiros a bordo, só porque o piloto estava meio triste e, em vez de se suicidar à homem na linha de comboio, decidiu armar-se em coninhas e levar inocentes com ele. 

Em Abril, dá-se um terramoto que abala o Nepal, matando milhares de pessoas. Eu digo à minha namorada «O Cristiano Ronaldo vai doar 7 milhões para ajudar no Nepal!», ao que ela responde «Mas quem é o Nuno Paulo?». Portugal chora também a morte do realizador mais velho do mundo em actividade, Manoel de Oliveira. Mesmo quem nunca viu um filme dele ou sempre disse mal das suas obras, parece que de repente o idolatrava, já morto, mesmo os que pensam, até hoje, que Aniki Bóbó é um filme da Érica Fontes.

Em Maio, a Irlanda torna-se o primeiro país a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo através de um referendo à população. Sunday Bloody Sunday torna-se agora um hino ao sexo anal com hemorroidal agudo. Ao lado, dá-se o nascimento do bebé do ano, Carlota, a filha de Kate e William que tem muito mais destaque do que a morte de B.B. King nesse mesmo mês. No entanto, o que interessa é que o Benfica se sagrou campeão, por entre festejos que envergonhariam o mundo do futebol e as fardas da polícia. Maio foi também o mês em que Portugal se indignou pelo rapaz dos Ídolos com abanos de fazer inveja ao falecido Spock, numa onda de hipocrisia que seria uma constante em 2015.

Em Junho, volta o terror com um atentado terrorista na Tunísia que vitimaria uma portuguesa. No entanto, o acontecimento mais marcante e que mais lágrimas trouxe aos olhos dos portugueses, foi a inacreditável troca no mundo do futebol: Jorge Jesus era agora treinador do maior rival de Lisboa, o Sporting. Nem o ouro da benfiquista Telma Monteiro, no Europeu de Judo, conseguiu tirar da depressão os cerca de 14 milhões de portugueses. Sim, 14, porque até os mortos deram voltas no caixão. Era o mês em que o mundo louvava a coragem de Caitlyn Jenner, mesmo os que sempre chamaram aberração a José Castelo Branco. O mês terminaria com as fotografias de perfil do Facebook a serem alteradas novamente, mas em vez de Je Suis Charlie, ficariam virais os filtros com as bandeiras do arco-íris a assinalar a nova lei do casamento gay nos Estados Unidos da América.

Em Julho, no calor do Verão, Cuba e Estados Unidos reataram relações quais ex-namorados que, depois de ouvirem a música da Adele, resolveram ligar um ao outro a combinar um café. Syriza, o outrora paladino do povo, deu o rabo à Europa e tudo continuou na mesma. Tsipras continuaria no poder mas o carismático ministro das finanças, Varoufakis, iria fazer a sua vida para outro lado.

Começara a silly season em Agosto e não há grandes notícias que tenham ficado na memória. Foram encontrados os destroços do avião da Malaysia Airlines, desaparecido desde Março de 2014.


Houve atentados terroristas em vários países, mas as principais notícias foram aquelas em que se mostram as celebridades de biquíni na praia.

Setembro trouxe-nos de volta ao mundo real. Rebentou o escândalo Volkswagen, percebendo-se que andava há anos a fazer batota quanto à emissão de gases poluentes dos seus automóveis. Sócrates é libertado da prisão preventiva e ficámos a saber que, para além dos seus gostos requintados em Paris, também gosta de pizza com extra-queijo e pepperoni. Setembro foi também o mês em que a NASA anuncia ter encontrado água em Marte, enquanto a falta de água potável continua a ser uma das maiores causas de morte neste nosso belo pálido ponto azul à deriva no espaço. Quem também encontrou água, em demasia, foram os refugiados que deram à costa afogados, com uma fotografia de uma criança a correr o mundo e a servir como bandeira a todos os que só agora percebiam que o mundo é um local de merda para a maioria das pessoas. Depois da onda de solidariedade, veio a onda de xenofobia quando as pessoas perceberam que era preciso fazer mais do que colocar likes em fotos e partilhar crianças mortas no Facebook. Perceberam que era preciso abrir as portas dos seus países para acolher quem foge da morte e de repente, toda a gente estava muito preocupada com os nossos sem-abrigo.

Em Outubro, enquanto as folhas começavam a cair das árvores, caiu também um avião abatido pelo Daesh, que voava entre Egipto e a Rússia. Por cá, foram as belas eleições legislativas de onde a coligação PSD-CDS parecia sair vencedora, mostrando que há muitos portugueses que até gostaram dos últimos quatro anos.

Em Novembro, de forma mais precoce do que um adolescente a perder a virgindade, cai o Governo. António Costa é indigitado primeiro ministro com um Governo viabilizado por todos os partidos de de esquerda. Há quem diga que este volte-face é um hino à democracia, enquanto outros dizem ser a antítese disso mesmo. Para já, parece que estamos na mesma, mais uma vez. Paris volta a ser o palco de atentados terroristas e, de repente, todos queriam rezar por eles, sem perceberem que foi a religião que nos meteu nesta alhada. É também o mês onde é lançado o melhor livro do ano (quiçá, de sempre), Por Falar Noutra Coisa.

Chega o mês de Dezembro, onde nunca acontece nada a não ser notícias sobre o quão solidários são os seres humanos, tentando fazer-nos esquecer a quantidade de atrocidades às quais fomos espectadores impávidos, durante o todo o ano. Estreou o novo filme do Star Wars, mas ai de quem diga mal da saga! Com assuntos sérios não se brinca e, parecendo que não, já está a fazer um ano em que fomos todos Charlies durante uma semana.

Agora, venha o bacalhau, o vinho e os presentes. Venham as passas, o champanhe e o virar do ano. Que os desejos se cumpram e que as resoluções, das televisões e dos ecrãs dos smartphones, sejam cada vez mais realistas para nos fazerem esquecer que o mundo real é em 4D e que o tempo não volta atrás. Boas festas.
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16 de dezembro de 2015

Tratar os filhos (e as pessoas) por você é parvo



«Tu? Andei contigo na escola para me tratares por tu? Respeitinho é bom e eu gosto.» é uma frase muito utilizada neste nosso belo país de gente respeitadora. Desde sempre me fez alguma confusão tratar as pessoas na terceira pessoa quando elas estão presentes. Agora, ainda pior visto que muitas vezes já sou eu o alvo desse tratamento devido aos dois cabelos brancos que já figuram na minha outrora farta cabeleira. Faz-me comichão na moleirinha quando me tratam por você, sejam mais novos, mais velhos, ou nascidos no mesmo dia e ano do que eu. Faz-me sentir velho, mas acima de tudo, lembra-me que vivemos numa sociedade de respeitinho camuflado em floreados hipócritas. Uma vez, fui levar o meu irmão, que tem menos nove anos do que eu, e uns amigos para o Bairro Alto, e um deles diz-me «Agora pode virar ali.». «Pode virar?», disse-lhe, «Trata-me por tu que não sou assim tão velho!» e ele responde «Ok, sócio.». Parei o carro e dei-lhe uma sova de cinto. Mentira, fiz só um olhar reprovador pelo retrovisor, à taxista salazarista, e ele percebeu que à vontade não é à vontadinha já que «o respeitinho é bom e eu gosto.»

Quando somos pequenos não tratamos ninguém da nossa idade que acabámos de conhecer, por você. Quer dizer, se calhar até acontece em colégios todos modernos, mas garanto-vos que nas escolas da Damaia e da Buraca isso não acontecia. E ainda bem. Agora que penso nisso, fui abordado algumas vezes para a prática do assalto com frases assim: «Você aí. Oh! Oh! Tou a falar com você aí de ténis da Nike novos...». O respeito e educação está nas palavras e nos actos e não na escolha entre a 2ª e a 3ª pessoa do singular. 


Um «Obrigado, uma boa tarde para ti!» não me parece que seja menos educado, respeitador, ou até mesmo cordial, do que um «Olhe, vá para o caralho que o foda, a si e à senhora sua mãe, sim?».

Tenho para mim que as pessoas que valorizam o trato por você por parte de pessoas que não conhecem, são as pessoas que menos respeitam as outras durante o dia. Aposto que os senhores de Mercedes que estacionam à mamute estrábico, que se metem nas rotundas à antílope disléxico, e que não usam piscas qual pirilampo introvertido, são os mesmos que dizem «Tu? Não andei consigo na escola. Não lhe deram educação em casa? Respeitinho é bom e eu gosto!». Por falar em educação em casa... e os pais que tratam os filhos por você? Eram duas chapadas à padrasto naquelas ventas manientas. Serem os filhos a tratar os progenitores na terceira pessoa já me faz confusão, mas a moda parva de alguns pais tratarem os filhos por você, mesmo que ainda petizes, é só estupidez em estado bruto. Muitas vezes, vezes demais, ouve-se nas praias da linha, de Cascais e não de Sintra, frases como estas:
  • «Bernardo, que maçada! Já lhe disse para não atirar areia para cima da minha toalha Chanel! Quer levar umas palmadas?»
  • «Pureza, querida. Não meta a banana toda na boca dessa forma que as pessoas olham. Dê cá que a mãe esmaga.»
  • «Fábio Rúben, está aqui está a levar um bofetão na tromba, seu filho de uma puta.»
O terceiro é um novo rico que ainda não percebeu que para ser chique não basta mudar a pessoa do tempo verbal, tal como para ser educado não basta andar em bons colégios.

Eu trato os meus avós maternos por você, no entanto, o meu irmão e os netos mais novos já os tratam por tu e não me parece que os respeitem menos. A bem dizer, como eles estão, podia tratá-los por Wilson e Jamila que eles não iam notar a diferença, já que com as doenças que acarretam nem se devem lembrar que são brancos. São as únicas pessoas da minha família que não trato por tu e nem sei bem porquê. Talvez seja por os ver tão poucas vezes e estar mais habituado a falar deles na terceira pessoa que ausência exige. Já os meus avós paternos, esses trato por senhor porque tenho sempre de meter uma cunha com Deus para falar com eles. Fora minha família, obviamente que também trato pessoas por você, em determinadas situaçõe e contextos, especialmente profissionais. Claro que se for ajudar uma senhora de idade atravessar a estrada, não lhe vou agarrar por um braço e dizer «Anda lá pá! Mais rápido! Até parece que tens tempo a perder!». Claro que não, trato-a por você porque foi o que me foi imposto pela sociedade. Só estou a dizer que é uma palermice de todo o tamanho essa invenção que não é mais do que uma bengala carregada de estereótipos que tentam mascarar a hipocrisia.


É um bocado como assumir que quem usa fato e gravata é mais profissional e credível, quando os maiores ladrões que temos visto são administradores de bancos e políticos, sempre muito bem engravatados.

Já trabalhei numa empresa em que toda a gente se tratava por tu menos quando se dirigia ao chefe do departamento, qual grande líder que merece mais respeito do que os comuns dos colegas mortais. Ironicamente, ou não, ele era a pessoa que mais vezes faltava ao respeito aos outros. Uma vez, já passava da hora de saída há algumas horas, estava um gajo novo sentado, todo recostado, e passa esse chefe e pergunta-lhe «Boa vida, hein?», no seu tom sobranceiro e altivo, ao qual o rapaz respondeu, sem saber que ele era o chefe, «Só se for a tua!». Épico. Passados dois dias, esse rapaz foi convidado a abraçar novos desafios, que é a forma politicamente correcta de agora se dizer que foi para o olho da rua. Há um caso curioso que é o da minha namorada que trata por você uma das colegas de trabalho, por imposição da chefia que diz que dá bom aspecto aos subalternos e clientes. Devido a esse hábito tratam-se por você também fora do trabalho. Já é parvo que chegue, eu sei, mas reparem que são meninas para ir para os copos juntas beber o néctar do Baco aos baldes de shot! Então, é sempre curioso observá-las já pinguças a dizer «A doutora já está aí a andar toda torta!» e a outra a responder «Eu!? Não, não. A doutora é que está aqui está a dançar Kizomba!». É poético deixá-las ir à frente e vê-las ao longe, todas doutoras aos esses e aos duplos v's que é quando tropeçam nos saltos e dão de queixos no lancil e ouvir «A doutora é que se agarrou a mim!», «Não, não. Com todo o respeito, a doutora não sabe beber.».

Voltanto ao tema: porque  raio é que tratar alguém por tu é considerado de mau tom em muitas situações? Porque é que eu não posso apertar a mão ao Cavaco e dizer «Estás bom, Aníbal?» sem que achem que estou a faltar-lhe ao respeito? Se houvesse mais proximidade entre todas as hierarquias da sociedade, se calhar não havia tanto a cultura do medo e do respeitinho que nos entala os testículos para que não questionemos a autoridade. Isso percebe-se na religião, porque as pessoas também se dirigem a Deus na terceira pessoa, mas do plural porque para Ele o singular é pouco. Se Deus é nosso pai e irmão, então tratá-lo assim é só parvo. A não ser que Deus seja de Cascais. Já o estou a ver depois de criar o universo, enquanto afasta o cabelo à playmobil dos olhos: «Pronto. Está feito. Agora vou criar o Martim e a Matilde para dar início à Humanidade! Matilde, esteja sossegada! Largue a cobra do menino Martim!». Era parvo, não era? Então tratem lá Deus por tu que se alguém na relação está a faltar ao respeito é ele, nem que seja porque é um pai ausente.


Deus é amor e o amor trata-se por tu. Chupa Francisco! Também sei dizer coisas bonitas e poéticas!

Os ingleses não têm tanto este problema, é «you» para toda a gente e não há cá mariquices destas. Ficam só na dúvida de quando utilizar o «sir», «miss» e o «madafaca», mas já é bem melhor. Acho que esta mania surgiu porque algures, numa caverna portuguesa longínqua, havia um chefe ancião da tribo que falava de si na terceira pessoa, todo cheio de manias de importância e numa frustração antiga de não ter sido jogador de futebol: «O Zé acha de muito mau tom as pinturas rupestres que fizeram dele com a pila pequena. O Zé está descontente e acha que como punição, deverá efectuar a prática do salto ao eixo pelado com as damas dos engraçadinhos.» Os elementos da tribo ficaram confusos ao ouvir o Zé falar daquela forma e começaram a falar com ele sempre na terceira pessoa para não o contrariar e verem as suas mulheres a serem possuídas pelo seu micro pénis marmóreo. E, assim, nasceu a moda parva de tratar os superiores, hierárquicos ou etários, por você. Nem sei como é que isto não vem nos livros de história.

Resumindo, se algum dia nos cruzarmos tratem-me por tu e não me façam sentir velho. Eu vou fazer o mesmo convosco e se por acaso ficarem ofendidos e acharem que é uma falta de respeito, então é sinal que a conversa pode ficar logo por ali e escusamos de perder tempo. Se forem comentar porque estão ofendidos com alguma coisa que eu escrevi neste texto, lembrem-se que o respeitinho é uma coisa muito linda.
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15 de dezembro de 2015

De badboy a xoninhas e lambimento de carpete



Como vai a vida? Vai andando? Nunca pior? Isso é que interessa. Isto hoje vai ser curto e grosso e, por isso, não percamos muito tempo e vamos a mais uma consulta javarda, mas com classe, na rubrica "Doutor G explica como se faz". 


Caro Dr G., desde muito nova que namoro com o mesmo rapaz. Ele é muito querido, damo-nos muito bem, mas sinto que quando chega a hora H ele não me satisfaz por completo. No entanto, confesso que não sei ao certo se ele me satisfaz ou não. Visto a nossa relação ter começado de tenra idade, foi ele o único com quem ajavardei forte e feio, mas não sei se aquilo que senti foi um orgasmo, ou foi só uma impressãozita. Ele é muito entusiasmado e por isso tenho medo que o problema seja meu. O que hei-de fazer para descobrir Dr.?    
Madalena, 21, Seixal

Doutor G: Cara Madalena, se não tens a certeza se tiveste um orgasmo, então é porque não tiveste um orgasmo. No entanto, para teres essa dúvida, é porque nunca tiveste um orgasmo sozinha a tocar à campainha de Satã. Por isso, embora ele possa não ter muito jeito para o funaná pelado, a culpa principal da tua insatisfação é tua, porque não conheces o teu corpo nem as formas que te dão mais prazer. Portanto, o primeiro passo para o teu problema, é experimentares sozinha, com ou sem brinquedos e/ou utensílios de pastelaria, e dares-te um bom orgasmo como prenda de Natal. Se não chegares lá, vai ao médico ou psicólogo ver o que se passa. Se chegares lá, diz ao teu homem como se faz. Se ele não aprender, ou pior, não estiver interessado em aprender, manda-o dar uma volta ao bilhar pequeno de bolso em 2016.


Boas Dr G! Namorava há 2 anos e a minha namorada (agora ex) acabou comigo,  porque eu reclamava com muita coisa, saídas à noite da universidade, merdas assim, que me faziam ter ciúmes só que antes era um bad boy um cabrão mesmo e ela fartou-se que fosse assim e acabou e agora atira-me tudo à cara do que eu dizia e fazia, agora pareço um xoninhas atrás do osso e já lhe disse que mudei e que ainda mudo mais e que faço tudo, um conas mesmo... Gosto mesmo da rapariga e não sei o que fazer, ela diz "podemos ser amigos para já" "agora não quero ninguém, no futuro não se sabe" , já chegou a dizer "se cresceres eu juro que te quero de novo" , dá esperanças mas depois diz "não quero nada", "tou melhor sozinha", "eu não sei nada do que quero". A minha pergunta basicamente é, o que devo fazer para a reconquistar? Tenho a certeza que se ela não voltar para mim nunca mais encontro alguém de quem eu goste realmente porque sou mesmo esquisito e com ela era realmente feliz e gostáva do que tínhamos... Ela faz anos para o próximo domingo e estou a pensar fazer uma surpresa, apesar de ela dizer que não me quer ver à frente eu vou deixar-lhe um presente que ela sempre quis e mais uns presentes em casa...   
Ex-Badboy, 18, Porto

Doutor G: Caro xoninhas, o karma é tramado. Os ventos que semeaste enquanto badboy, estás agora a colher as tempestades que fazem de ti um xoninhas de primeira. Se ela está com esse jogo e a dizer-te isso é porque provavelmente nunca a vais reconquistar. Quando se diz "No futuro nunca se sabe" é porque já se sabe bem que não se vai querer nada. No entanto, para não ficares a pensar se a podias ter reconquistado, sugiro que lhe ofereças uma excelente prenda de anos que a vai deixar derretida e novamente de beicinho por ti: ofereces-lhe o meu livro! Se isso não resultar, então podes dar o caso como perdido. Pumba! Marketing digital assim mesmo por trás e a à bruta!


Caro Dr. G, há dois anos conheci esta rapariga que era na altura namorada de um amigo. Ora depois de um flirt de parte a parte, envolvemo-nos meia-dúzia de vezes. Ela acabou por voltar para o namorado e eu, xoninhas, apaixonei-me por ela. Neste tempo ela esteve com ele e eu andei com os meus affairs de uma noite com alguns gajos. Entretanto eles acabaram, voltámos a falar e eu, estúpida, percebi que nunca a tinha esquecido e realmente é impossível quando ela é um 10 em tudo, até na arte de plantar arroz que é como quem diz, não consigo manter as cuecas secas. Não sou de desistir e não parei enquanto não me envolvi com ela e entretanto a coisa já dura há 5 meses. Entre muitos escarafunchar no mexilhão com sessões de mergulho no licor de satã , 2 ou 3 dedos de funaná pelado, e algumas variações que o sexo lésbico nos oferece de fazer inveja a qualquer contorcionista de circo, seja em quartos de hotel, praias desertas e o banco de atrás do meu carro, qualquer sitio serve para a prática de lutas greco-romanas. Mas já fora da temática do chavascal, almoçamos e jantamos fora várias vezes, vamos ao cinema, à praia, viajamos juntas... Basicamente como se fossemos um casal. O problema surge quando ela tem fobia em assumir uma relação depois do trauma que o ex lhe causou. Estou sempre a arranjar maneiras de surpreendê-la, não poupo em nada para agradá-la, digo-lhe várias vezes o quanto gosto dela e subtilmente dou a entender mais que isso, mas não consigo fazer com que ela me queira assumir. Alguma ideia para fazê-la render-se de vez aos meus encantos ou será melhor passar mais uns anos a tentar esquecê-la e abandonar a vida de sapata for good?
Margarida, 20, Lisboa

Doutor G: Cara Margarida, essa descrição deixou-me de meia casa. Estou a brincar, sou um gajo muito profissional e nunca deixo que o sangue me aflua do cérebro para outras zonas durante as horas de consulta. O problema é só ela não querer assumir? Não quer assumir uma relação ao mundo ou para ti e considerar-te namorada? Não percebi essa parte. Se vocês fazem tudo como casal e está tudo a correr às mil maravilhas, então deixa de ser gaja e ver problemas onde não há. Se ela gosta de ti e tu dela, o resto vem com o tempo. Andam há 5 meses, o que em relação lésbica é mais ou menos duas semanas. Porquê? Não sei, inventei agora. As mulheres são complicadas, uma relação só de mulheres imagino que seja uma montanha russa emocional diária. Ao menos que sincronizem os períodos para ficarem apenas com uma semana de drama existencial por mês. Diz-lhe que para ti é importante que assumam a relação e logo vês o que ela diz. Se ela não quiser, então é porque também não gosta assim tanto de ti e se calhar está com saudades de rolo de carne ao empurrão. E tu, para quereres abandonar a vida de sapata, se calhar também. Olhem, juntem o útero ao agradável e tragam um terceiro elemento masculino para a relação. Não, não posso ser eu, peço desculpa. 


Bom dia, a dúvida que me prende é a seguinte. Conheci um rapaz, ou melhor, reconheci porque já nos conhecíamos há anos, mais ou menos desde pequenos mas não nos lembrávamos. A sua atitude foi impecável, de tal forma que nem percebi se estava a tentar lançar se ao prémio ou se era só mesmo simpático. Tendo em conta que nos conhecemos na noite e parecia ligeiramente tocado, apostei na primeira. O que acontece Dr G, é que ele ficou de dizer qualquer coisa para nos encontrarmos durante "o dia" mas nada disse, sabendo eu que estávamos a frequentar os mesmos espaços, apenas não nos cruzamos. Uma semana depois voltamo-nos a ver na noite e ele já mais tocado, claramente, veio me pedir desculpa porque não teve tempo mas que na próxima semana é que ia ser. Isto, é de referir, enquanto pedia em namoro e se abraçava a tudo o que era do sexo feminino e, logo antes de dizer a um amigo meu que estava "um bocado interessado em mim". Acrescento que não tenho grandes esperanças, apenas queria saber o que lhe vai na cabeça com este comportamento. Tenho a dizer que o sexo masculino é bem mais complicado que o feminino, não há quem vos entenda.  

Anónima, 19, Algures

Doutor G: Cara Anónima, e porque é que não o convidaste tu em vez de ficares à espera que ele tome a iniciativa? Assim ficavas logo a perceber se ele está ou não interessado e quais as intenções dele em vez de me andar aqui a ocupar espaço no consultório! Pareces as velhas que vão encher as urgências porque estão com picadas que depois vai-se a ver e são gases. Bem, mas já que aqui estamos, só te faço uma pergunta: queres mesmo um gajo que está "um bocadinho" interessado em ti e que se faz a todas as gajas na noite? Se valoriza aí moça! Tem que dar uma valorizada e deixar de querer esses cafajeste! Não seja vagabunda, não.


Caro Doutor G, há 4 meses descobri que uma rapariga tinha uma crush (ter uma paixoneta) por mim. Falamos umas vezes, mas nada de mais se passou. No ultimo mês, descobri que, ela deseja-me para a prática de luta greco-romana debaixo dos lençóis. Não vou mentir, confesso que fiquei em êxtase. Nunca nenhuma rapariga, que eu saiba, demonstrou logo uma vontade de comandar o barco sem me conhecer pessoalmente. Como é óbvio estou entusiasmado para a conhecer pessoalmente. Até porque ela tem um corpo que é uma dádiva de Alá, uma bomba! Mas, o meu receio é não estar à altura das expectativas dela. Será que tenho razão para estes medos, ou deverei apelidar o meu pénis de GALP e partir em busca de petróleo nas profundezas do seu corpo? 
Teixeira, 21, Coimbra

Doutor G: Caro Teixeira, andas há 4 meses a engonhar e no fim ainda te vais queixar que ficas sozinho a tocar um solo de oboé sem direito a maestro nem nada. Só há uma forma de saberes se estás à altura das expectativas dela: é ir em frente. E por trás. E por todos os lados. Deixa de ser um coninhas e pensa que se não for bom para ela, certamente vai ser para ti e que só por isso já vale a pena. Se ela já anda com vontade de te saltar para cima então já tens o trabalho facilitado que o motor já vem aquecido e lubrificado. É só aguentares a cavalagem para não chegares dos 0 aos 100 em 5 segundos. Se por acaso isso acontecer, é continuar a dar voltas até falhar o combustível.


Caro Doutor G, ha cerca de um ano comecei a namorar com um rapaz. No inicia era mel por todo o lado, mas ultimamente sinto-o cada vez mais afastado. Apesar de estarmos a morar em cidades diferentes faço tudo para manter contacto diario. No entanto, nao sinto isso da outra parte. Cada vez vejo menos esforco da parte dele, trocando me quase sempre pelos amigos. Acha que deveria cagar para este gajo que anda afazer perder o meu tempo?
Anónima, 20, Braga

Doutor G: Cara Anónima, as relações à distância não funcionam. Ponto. A não ser que haja perspectivas de estarem juntos em muito breve, o que dada a oferta que existe quando se tem 20 anos, juntando o facto das hormonas estarem a dar mais saltos que o João Baião nos tempos do Big Show SIC, torna-se ainda mais complicado. Quando dizes que ele te troca pelos amigos, estás a dizer que em vez de ficar em casa agarrado ao computador e ou telemóvel a falar contigo, vai sair e divertir-se com os amigos? É um bocado normal. Arranja umas amigas e diverte-te e aproveita a vida também e depois logo se vê. Se ele não se esforça o quanto querias, diz-lhe. Se ele não mudar, manda-o ir à vida.


Caro Doutor G, há uns atrás (penso praí uns 9) numa festa da aldeia, apresentaram-me um pão do qual eu já andava de olho. Infelizmente isso (nem deu tempo para nos conhecer melhor) durou poucos minutos, pois o rapaz foi "ameaçado" que se me fizesse alguma coisa tava tramado. Provavelmente ficou com medo e nunca mais me falou. Ele lá arranjou outra gaja com quem namorou, mas também já não namoram há bué. A razão pela qual estou a escrever é que eu estou num dilema: Apesar de já ter passado uma porrada de anos, sempre achei o gajo um pão, e todos anos na mesma festa, independentemente de não falarmos, trocamos olhares, mas como eu sou tímida não digo nada sem ser olhar. Ora também se o gajo quisesse algo vinha-me falar não? Ou deve ainda estar traumatizado com a ameaça dos anos atrás? xD Sei qual é o facebook dele, aconselha-me a mandar-lhe um pedido de amizade e ver o que acontece? Pois, secalhar se tivesse interessado já me tinha feito um pedido :( o que me aconselha? 
Rapariga Triste, 23, Algures

Doutor G: Cara Tristonha, quando uma dúvida começa com a expressão «festa de aldeia» só pode vir coisa boa. Nove anos nessa merda? Nove anos? Arre foda-se, mas o que é que se passa com a nova geração?! É tudo uma cambada de xoninhas que só sabe interagir pelo Facebook e Tinder e não sabe dizer um «Olá» na vida real? Cum caralho, pah! E são vocês que vão governar este país daqui a uns anos? Vão fazer sessões do parlamento por Skype e conferências de imprensa pelo SnapChat? Se o ameaçaram, então toma tu o primeiro passo. Vai ter com ele e pergunta-lhe «Queres adrenalina esta noite? Então já sabes, vamos ali para a moita e depois fugir do meu tio.» ou seja lá quem foi que o ameaçou. Também deves dar-te com boas companhias, deves.



Para a semana será o último Doutor G. De 2015! Assustei-vos, não foi seus mariquinhas? Na semana da passagem de ano não vai haver Doutor G porque vou estar em estágio a preparar o fígado. Até lá,  partilhem e não se esqueçam de enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.

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14 de dezembro de 2015

Os textos mais lidos de 2015



O ano está a chegar ao fim e é altura daqueles balanços parvos. Como tal, também decidi fazer a lista dos textos mais lidos aqui nesta humilde casa. Obrigado desde já a todos os que leram, comentaram e partilharam as minhas parvoíces diárias neste segundo ano de blogue. Podem clicar no título ou imagem para ler os textos completos.

Um texto em que puxei pela Pipoca Mais Doce que há dentro de mim e dei uma de crítico de outfits de gala. Este texto deu origem à minha primeira ameaça de processo em tribunal, feita por um xoninhas com a mania que é stylist de "celebridades" que deviam estar imunes a criticas devido ao seu pedrigree. Infelizmente, o xoninhas não teve tomates para levar o processo para tribunal porque teria sido, certamente, óptima publicidade.


Aquele texto típico de Verão que lista aquelas personagens que todos conhecemos das nossas praias. Desde a brigada da geleira, até aos sucedâneos de Zézé Camarinha que tentam engatar as meninas de pele encarnada.


Estamos sempre a descobrir novas espécies e esta foi descoberta através das provas dadas nos comentários de notícias aquando da aprovação da lei da adopção por parte de casais do mesmo sexo. Felizmente, com a Internet o atraso mental fica mais exposto para que todos nos possamos rir com este tipo de espécie, da qual o professor e economista Pedro Arroja, sobre o qual também escrevi, é o imperador.


Logo no início do ano fui brindado com uma ameaça de morte por parte de alguém que apesar de ser muito Charlie, achou que o humor deveria ter limite. A conversa que se seguiu foi das coisas que mais me orgulho de ter participado, ainda mais do que na orgia com as modelos da Victoria Secret em 2003.


Um estudo que precisava de ser feito. Há muito boa gente que não sabe o que fazer quando junta os lábios a outros ou entrelaça a língua num escalope alheio. Fiz o trabalho difícil de campo e decidi catalogar os dez tipos de pessoa que beija pior que uma velha com a dentadura trocada.


Um episódio caricato deste nosso cantinho à beira mar plantado que deu origem a um chorrilho de notícias e artigos de opinião. Afinal o que fizeram com o rapaz de orelhas proeminentes foi bullying, ou terá sido a família que lhe disse que ele cantava bem que merecia uma chapada, com uma pá, na nuca? Se calhar foi as duas coisas.


Feito o estudo sobre as pessoas que não sabem beijar, foi altura de levar as coisas para o próximo nível e enumerar as pessoas que não sabem fazer o funaná pelado, como diria o Doutor G. Um artigo javardo mas cheio de pedagogia e alguma classe.


Nunca eu pensei que naquela noite que decidi não beber nada e enfiar-me numa discoteca iria ter material para um dos textos mais lidos de sempre aqui no blogue. Parece que muita gente já passou as mesmas dores que eu passei naquela noite saída de um filme de terror-comédia.


E quando eu penso que já vi tudo, um simples texto que critica algumas modas dos dias de hoje, das quais eu também faço parte, deu origem a mais insultos e ameaças de porrada do que textos sobre temas mais importantes para o mundo. Pessoas <3 Sempre a mostrarem que é possível surpreender pela negativa.


Este foi o texto mais lido do ano e de sempre aqui no blogue. Com mais de 600 mil visualizações, o texto que deu origem a mais comentários parlermas de sempre mas que me deu um gozo especial por receber dezenas de mensagens a dizer que os tinha feito pensar e mudar a posição que tinham sobre este tema. Mas, a grande vitória com este texto, foi ter pessoal do PNR a partilhar porque só tinham lido o título e as letras grandes. Priceless.


E pronto, foi isto. Espero que em 2016 continuem por cá e que vos consiga continuar a entreter e fazer rir com as parvoíces que vou escrevendo. Para uma compilação muito maior dos textos do blogue e bojardas do dia do Facebook, podem sempre comprar o livro que é a melhor prenda para oferecerem esta Natal, seja a vós, aos vossos, ou aos inimigos.

Obrigado por tudo e um feliz 2016 para todos os que não são coninhas.
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